A abelha sem ferrão Melipona capixaba, popularmente conhecida como uruçu-preta ou uruçu-capixaba, é endêmica da Mata Atlântica. Devido à exploração predatória, declínio populacional, redução e fragmentação de seu habitat natural é considerada como espécie da fauna brasileira ameaçada de extinção, categorizada como Em Perigo. Sua área geográfica de ocorrência natural conhecida está restrita às regiões das montanhas capixabas, uma área estimada em menos de 5.000Km2, a menor área de distribuição conhecida entre as abelhas sem ferrão. O declínio populacional e fragmentação do habitat diminui o fluxo gênico entre as populações remanescentes, com perda de diversidade genética e efeitos deletérios da endogamia. Com a perda de habitats, locais de nidificação e recursos florais se tornam escassos, reduzindo a taxa de sucesso reprodutivo. Assim, justificam-se medidas para aumentar o tamanho populacional dessa abelha, reforço populacional nas áreas remanescentes, garantir o sucesso reprodutivo de colônias com variabilidade genética e potencial adaptativo e reintroduzir a espécie em populações naturais protegidas. Nesse sentido, pretende-se gerar dados que subsidiem programas de conservação, reintrodução e reforço populacional da espécie de abelha ameaçada de extinção Melipona capixaba, através do manejo de colônias em núcleos de reprodução geneticamente assistida em áreas naturais protegidas e monitoramento de colônias na natureza, com especial interesse nas populações remanescentes em áreas de influência da bacia do Rio Doce. Para isso, este projeto tem os seguintes objetivos:
1. compilar e atualizar os dados relacionados à espécie para um melhor entendimento do estado da arte do conhecimento e dos aspectos relacionados à sua translocação;
2. identificar e analisar os desafios, riscos, perspectivas e oportunidades para a translocação da espécie, incluindo cenários atuais e futuros de mudanças climáticas;
3. entender a disponibilidade e a qualidade de habitats quanto aos recursos florais, néctar, pólen, resina vegetal, e locais de nidificação em áreas identificadas como potenciais para ações de reintrodução e translocação da espécie;
4. acompanhar e avaliar colônias sob manejo conservacionista em três núcleos de reprodução assistida ativos há mais de 10 anos, e monitorar colônias reintroduzidas na natureza, para consolidar lições aprendidas e aprimorar o programa de conservação da espécie;
5. Verificar características comportamentais de abelhas manejadas nos núcleos de reprodução assistida em comparação com o comportamento de abelhas de colônias nativas da população original e colônias já reintroduzidas;
6. Identificar e avaliar o perfil genético de colônias de populações remanescentes, como método para selecionar genótipos prioritários de possíveis fundadores para programas de translocação e reconhecimento de áreas prioritárias de baixa variabilidade genética para reforço populacional;
7. Conduzir estudos de dimensões humanas dirigidos à implementação de mecanismos de comunicação e engajamento nas ações de conservação da espécie e resolução de conflitos de interesse entre a conservação, uso sustentável e exploração econômica de recursos apícolas.
O projeto tem o apoio financeiro da Fundação Renova através do projeto Biodiversidade Rio Doce do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio)